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Nos dicionários, a principal definição de telúrico ou telúrica refere-se àquilo que é da terra, relativo ao planeta Terra ou ao seu solo.
Nos lembrarmos disso é sempre atual, num planeta que vem sendo maltratado, nos últimos séculos e anos, de diversas formas.
Por isso, hoje vamos de "Telúrica", composição de Baby Consuelo e Jorginho Gomes (irmão de Pepeu Gomes) lindamente interpretada por ela – hoje Baby do Brasil.
Baby dispensa maiores apresentações. Cantora e compositora carioca com uma vasta discografia e uma trajetória musical que inclui os talentosíssimos Novos Baianos. Uma brilhante carreira solo, ela completou 70 anos em 2022. Está no mundo artístico desde 1969, conquistando grande sucesso, como uma das grandes vozes da MPB, graças ao seu talento, acompanhado de originalidade, irreverência e uma potente voz. Uma artista completa. Em 1994, passou a assinar como Baby do Brasil.
O papel da arte também é lançar tendências e provocar reflexões. E na música não seria diferente. Por vezes, no entanto, uma obra só é plenamente compreendida anos depois de lançada. Considero esta despretensiosa, simples e ao mesmo tempo tão forte canção como um exemplo disso.
"Telúrica" é a 3ª faixa do álbum "Canceriana Telúrica", lançado em 1981 com muito sucesso. Essa bela canção foi o carro-chefe do disco e ganhou bastante execução.
Temos aqui um delicioso reggae rock, com pegada bem MPB. Uma canção pop, com suas belas guitarras (Pepeu), potentes baixo e bateria, além de azeitados teclados e percussão, criando um clima muito intenso e de alto astral, tudo permeado pela afinada execução dos músicos, com muito swing. A voz de Baby, mais uma vez, é o grande momento. Muita energia, entrega e suavidade na interpretação!
Mas o que realmente me instiga e chama a atenção nessa canção é o lado visionário da letra. Uma letra relativamente simples, mas que traz muita modernidade. Para compreender um pouco melhor, é importante viajarmos brevemente para o mundo em 1981 e imaginar versos como:
“Fecho os olhos e
entrego o ser
Para ser telúrica
Alma e corpo
compreender
Para ser telúrica”
OU:
“Mandes prana para mim
Que esses raios de ouro cor
Penetrem nos meus chacras
me colorindo de amor”.
OU AINDA:
"A ideia ilumina
Dá o toque e anima
O aroma do perfume
O lume do vaga-lume
O pensamento das flores
Significado das cores
Para ser telúrica".
Desde o título da música até os versos, observamos, de forma explícita, temas que já eram cultuados e relevantes para uma galera engajada daquela época. Percebemos que, apenas décadas depois, esses temas passaram a ser mais comentados, praticados e até embalados como “uma grande novidade” … (mindfulness; bem-estar emocional e físico; florais terapia; terapia das cores; etc). E é por essas e outras que muitas canções, mesmo que leves e despretensiosas, revelam mensagens bacanas para nosso prazer e nossa reflexão!
Nessa música, Baby, de forma sutil, resvala por dois tipos diferentes de terrestres: os que desejam o mal e os que pensam no próximo e desejam o bem, aqui retratados como os telúricos. A música fala de natureza, de preconceito, do amor à vida. Afinal, para ser telúrico ou telúrica você precisa de uma conexão verdadeira com a sua missão e com a essência na terra.
Sobe o som e vamos curtir juntos! Essa turma manda muito bem!
Essa você não conhecia (ou não lembrava)!
Nesta singela mas linda canção, uma mensagem necessária e que não perde a atualidade nunca. Viva Baby!