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MANUEL, O AUDAZ – TONINHO HORTA (com participações especiais de Lô Borges e Pat Metheny)

Pode uma canção homenagear um singelo jipe amarelo, um Land Rover 1951 que comeu muita poeira principalmente pelas bandas de Minas Gerais?

Toninho Horta e Fernando Brant, os autores da música, nos provam que sim, com maestria e arte.


Toninho Horta é mineiro de Belo Horizonte, cantor, compositor, arranjador, produtor musical e grande guitarrista, muito respeitado na seara da música instrumental. Músico sofisticado, com

muita densidade musical. Um dos membros honorários daquele famoso clube mineiro, esse mesmo que vocês estão pensando, o "Clube da Esquina".


Compôs sua primeira criação musical aos 13 anos e possui uma vasta discografia, sempre com excelentes críticas da mídia especializada e muitos fãs da sua habilidade musical e da sua empatia com o público. Detentor de vários títulos e premiações, recentemente ganhou o Grammy Latino 2020, com o álbum "Belo Horizonte".


Tive a oportunidade de assisti-lo, pela primeira vez, no inverno de 1986, lá em Ouro Preto. Meu irmão (Paulo Emilio) havia ido para lá, participar do 1⁰ Seminário de Música Instrumental, organizado por Toninho e pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Coincidentemente, estive por lá no mesmo período para um encontro de estudantes de minha faculdade na época. Juntos, assistimos o show do Toninho Horta e me recordo o quanto essa canção me emocionou….


"Manuel, o Audaz" é a faixa 10 do álbum que leva o nome do cantor, "no Circo Voador", lançado em 1980. Um disco excelente, diverso e multifacetado, diga-se de passagem.


Nesse álbum, a canção "Manuel, o Audaz" se destaca das demais pelas participações, mais que especiais, do também cantor e compositor Lô Borges e do talentoso e extraordinário guitarrista norte-americano Pat Metheny, além da simbólica homenagem ao jipe.


Reza a lenda que o jipe em questão, que segundo dizem era de Fernando Brant, andava pelas estradas de MG com integrantes da turma do "Clube da Esquina", enfrentando tudo com voracidade e audácia. A alcunha "o Audaz" era uma maneira de emprestar ao veículo uma nobreza mítica, como em: Alexandre, o Grande; Guilherme, o Conquistador; e principalmente Dom Manuel, o Venturoso.


A música denota tudo isso, um espírito aventureiro, uma vontade de viajar, de colocar o pé na estrada, de ver o mundo, para contemplar as coisas belas do cotidiano e reforçar memórias afetivas.


Temos aqui tudo de bom reunido numa bela canção. A letra poética de Brant, uma ode à liberdade, com melodia e harmonia sofisticadas, arranjo primoroso e muito sensível, estilos de cantar muito harmônicos, belos violões/guitarras, tudo com muita força, mas ao mesmo tempo sensibilidade e delicadeza, quase em estilo barroco.


E não podemos deixar de destacar, também, o belíssimo solo de guitarra de Pat Metheny, nos minutos finais da canção, de tamanha suavidade e beleza que nos impressiona. Anos depois, Metheny, que tocou com inúmeros artistas, declarou, em uma entrevista, que essa era uma das mais belas canções que ele conhecia e que se esmerou ao máximo no solo de guitarra para "honrar" a música.


Eu estava mais acostumado aos solos velozes dos “guitar heroes” e aprendi aqui, nessa bela canção, um jeito diferente de apreciar esse instrumento.


Toninho Horta, naquela noite, acabou, sem saber, me ensinando a apreciar mais a música instrumental brasileira. Desde então, o tenho na minha lista de prediletos, dentre os vários expoentes nacionais.


Abra sua alma e permita-se ouvir essa canção com seu coração. Estamos diante de uma música e de uma performance extraordinárias.


Essa versão você não conhecia!







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1 komentarz


Música absurdamente linda, com poesia, sonho, arranjo primoroso e um solo final de arrasar... canção maravilhosa!


Polub
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