Anjos, fadas e gnomos existem, ao som da fantasia...
E se fosse possível associar a sensação do olfato a uma música, teríamos no Blog, hoje, uma canção agridoce…
Estreando em nossas páginas o criativo, talentoso e saudoso cantor, compositor, letrista e poeta Cazuza!
Um dos principais poetas da minha geração, deixou um legado curto (faleceu precocemente, em 1990, aos 32 anos) porém extraordinário em impacto, presença, influência e inovação. Dono de um estilo único de cantar (mais narrativo), possui uma significativa discografia solo e junto com o grupo Barão Vermelho, emplacando vários sucessos que são atuais até hoje!
"Azul e Amarelo" é uma belíssima canção. É a 16ª faixa do álbum duplo "Burguesia", lançado em 1989, já com o cantor em estágio avançado da doença. Algumas músicas foram gravadas com ele deitado em uma maca. É um disco eclético, com diferentes estilos, e soa como uma despedida e como se fosse uma corrida desesperada do autor para conseguir gravar o máximo de canções que a sua saúde, na ocasião, ainda permitisse.
Temos aqui uma música que desperta sentimentos difusos. Com uma linda introdução de sax e belos timbres, cria uma atmosfera muito gostosa de ouvir, até começar a letra...bem, se prepare, talvez seja uma das canções mais fortes (essa música é só aparentemente "suave") que Cazuza já tenha escrito.
Versos como :
“Senhores deuses me protejam, de tanta mágoa
Tô pronto para ir ao teu encontro
Mas não quero, não vou, não quero
Não quero, não vou, não quero”
Ganham uma dimensão quase que dramática, dado o contexto da situação do cantor!
Já sorri e já chorei com essa canção, mas sempre reconheci a coragem do poeta numa mensagem tocante, quase que de despedida, a partida irremediável. São o amor, a crítica, a poesia e a coragem frente ao inevitável!
Transformou em arte a iminência da própria morte!
Sobe o som e vamos curtir juntos! Abra um sorriso e encare a letra com a certeza de que os poetas ficam, são perenes a ponto de, mais de 34 anos após o lançamento, estarmos aqui curtindo juntos!
Letra de Cazuza, Lobão e....Cartola!
Sim, Cazuza dizia que o verso final ("Não quero, não vou, não quero") havia sido apropriado de Cartola, falecido em 1980... por isso ele aparece também como coautor da canção.
Essa você não conhecia!
Poesia tocante, letra cortante, música de qualidade no front...